Por dias esteve chovendo. O ônibus percorria milhas e eu poderia pensar em inúmeras coisas para desenhar no vidro embaçado, mas ainda assim não queria pensar. Meu corpo doía e a rodovia parecia não ter fim, o que me deixava ainda mais sentindo todo o vazio que me pertencia, porque eu não sabia como as coisas seriam em frente. Não havia como saber. Era apenas uma idealização, eu esperava que fosse, nós esperávamos, como sempre estivemos esperando.
Eu balançaria minhas mãos para dizer que estou pronta. Dividiria a minha vontade de ir embora. Sei que por dentro ainda estou dormindo, mas também sei que posso acordar. Não pela minha vida, mas pela vontade que posso sentir de vivê-la, porque em pouco tempo as coisas poderiam funcionar corretamente e ninguém poderia entrar no nosso caminho, além de nós mesmos. Aprendi a me quebrar, mas consigo chegar onde quiser enquanto não estiver com medo.
Mas eu sempre estou com medo.